quarta-feira, 4 de julho de 2012

A sabedoria da Bíblia - Apóstolo César Augusto


Mesmo aquele que não acredita na santidade da Bíblia, não pode negar a coleção preciosa de ensinamentos e lições de sabedoria que ela encerra. Em suas páginas há resposta para toda pergunta e direção para qualquer procedimento. Referência para os querem se pautar pela ética e pela moralidade, a Bíblia nos oferece um caminho em cada situação e é sempre atual e verdadeira, prática e objetiva.

Em tempos de dificuldades, em que os escândalos se multiplicam, também recorro a Bíblia e nela encontro conhecimento. Um dos trechos que mais me falam ao coração é o conselho que Jesus deu a seus seguidores e que foi registrado no evangelho de Mateus, capítulo 7. Diante do erro, Cristo ensina com autoridade para que não julguemos a fim de, mais tarde, também não sermos julgados. Ele ainda acrescenta o que entendo como uma lei inexorável. Cristo ensina que com o juízo que julgarmos seremos julgados e com a medida que medirmos, medidos também seremos.

A sabedoria da Bíblia nos chama atenção para o fato de que, por mais que saibamos, que nos dediquemos a buscar fontes apuradas de informação, jamais teremos a totalidade da verdade e sempre ficará algo por descobrir e saber. Portanto, se emitirmos um juízo, tenhamos a consciência de que o faremos sem a medida completa e estamos sujeitos a cair na mesma situação.

Chama a atenção em nossos dias o quanto que o erro alheio, a culpa, o crime cometido pelo outro, atrai o interesse de multidões. A mídia se alimenta da catástrofe, da falácia, da ruína das reputações e nada mais é que o reflexo das ânsias e da volúpia da maior parte da sociedade. Não é culpa da imprensa o fato dos noticiários serem cada vez mais pessimistas, é culpa de um coletivo que prefere consumir a tragédia em vez da boa notícia.

É muito fácil vender a denúncia do escândalo, é muito fácil vender a notícia do crime cometido e quanto mais inexplicável forem os motivos e as circunstâncias, quanto mais mistério e bizarrices, mais urubus serão atraídos. Há uma boa parcela da sociedade que se ufana com a podridão, que se compraz em conhecer e mergulhar na mazela, para apontar o dedo aos envolvidos, condenar à execração e quase sempre sem perceber que essa proximidade é altamente contagiante. Urubus fedem a mesma coisa que comem.

Vivemos dias em que há muita pressa para encontrar culpados. Denúncias muitas vezes vazias, mal construídas, sem base ou argumento, são infladas pelos juízes sem togas e transformam-se em verdades pelo simples fato que foram repetidas a exaustão.

Os juízes mais cruéis são aquele que ainda fingem dar o direito de defesa, mas diante dos argumentos mantém os ouvidos tapados, os olhos vendados e a mente enrijecida, avessa a qualquer possibilidade de percepção do que está além dos gritos da multidão inflamada.

O valor de um estado democrático de direito é justamente o processo minucioso de constatação dos fatos. A justiça se torna mais concreta à medida que se pratica realmente o contraditório, a ampla argumentação, o ouvir os dois lados. Condenar logo que a denúncia nasce é abrir um precedente para que as injustiças se multipliquem e para que inocentes sofram.

Cultivar o bom julgamento não é um favor para com o réu, mas uma garantia de defesa para toda a sociedade. Macular o processo de apuração da verdade é atentar contra a tênue e delicada linha que sustenta nossa civilização. Rompê-la é retroceder à selvageria.

Sinto-me pesaroso ao ver homens íntegros, que muitas vezes doaram tempo e vida em prol do comum, sendo tratados como bandidos sem sequer serem ouvidos em defesa própria. A pressa de condenar é nociva inclusive porque priva a coletividade de muitos dons, principalmente na política. Há muitos homens e mulheres de potencial que simplesmente não se interessam pela vida pública porque temem desentendimentos que os comprometam ou que temem serem enredados em fraudes.

A pressa de julgar, condenar e executar é injusta e culmina num descrédito generalizado, numa convulsão social, na instalação de um sentimento de desamparo. Se a sociedade se apressa na condenação, que saiba que também será ré desse processo. Se a sociedade não oferece ao réu os instrumentos de defesa, é essa medida que se tornará padrão e essa medida que poderá abatê-la.

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